Empreendimento apresenta várias irregularidades
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) autoriza loteamentos de até 20 mil metros quadrados nesse tipo de área, mas como a Secretaria de Urbanismo constatou irregularidades também fora desse diâmetro, toda a gleba foi embargada. A obra não tem licença de ocupação de solo.
Além disso, a Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável constatou dois crimes ambientais: parcelamento de terreno e despejo de entulho. Suspeita ainda de desmatamento, que só poderá ser confirmado comparando-se imagens anteriores da área às atuais. Em relação aos crimes, o proprietário Rodrigo Samu foi notificado a retirar todo o entulho em sete dias (prazo que vence na sexta-feira). E será multado. O valor será mensurado por um geólogo, que calculará os danos. “Além da penalidade pelos crimes, o proprietário terá que assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para reparar os danos”, declarou a coordenadora de fiscalização ambiental Heloísa fava Fagundes.
A Polícia Militar Ambiental também esteve na área, e ainda constatou que houve uma intervenção próximo ao rio da AAP, não respeitando a metragem necessária.
O Boletim de Ocorrência foi registrado no 12º Distrito Policial em Sousas. De acordo com o corporação, Samu será advertido, mas caso volte a infringir a lei será multado. O Ministério Público, entretanto, tem o poder de fazer com que a advertência já passe a valer como multa. A polícia informou ainda que realizará fiscalizações recorrentes ao local para verificar se haverá novas infrações.
Rodrigo Samu já é réu em um processo na 6ª Vara Criminal de Campinas a respeito de irregularidades ambientais na gleba. A ação corre em segredo de Justiça. Moradores de Joaquim Egídio temem que não sobre nada da área de preservação enquanto o processo corre no Poder Judiciário.
O delegado de polícia Ronaldo Manfredini, que tem um chalé em frente ao Nova Cachoeira, denunciou o caso ao Correio e protocolou um ofício na Prefeitura sobre flagrantes recentes. Ontem, ele comemorou o embargo. “Que boa notícia”, afirmou. Na última quinta-feira, lamentava o que vem acontecendo no distrito. “Todo mundo sente o que está acontecendo aqui. A gente sofreu falta de água. Isso não é brincadeira. Agora, estão cortando o morro. Isso é um problema sério. Eu tenho laços antigos aqui. Aprendi a nadar na Usina Jaguari. E é muito triste ver essa devastação”, disse.
Naquele dia, Rodrigo Samu admitiu à reportagem que não tinha licença para tocar o empreendimento. Nesta segunda-feira, o Correio tentou contatá-lo, mas sem sucesso.
Fonte: Correio Popular