Um passeio a Sousas

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Há dois dias fomos conhecer o novo acesso de Campinas a Sousas, pela recente inaugurada estrada Mackenzie.

Muito bem arborizada com muitos ipês e outras árvores, podemos admirar a paisagem interessante que vai se desenrolando em todo o seu percurso. O curioso é que essa estrada nos leva à entrada da construção de um enorme condomínio. Chegou ali, a estrada a Sousas, um distrito de Campinas, deve seguir por vários quilômetros por uma estrada de terra. Acredito que essa seria a antiga estrada de Campinas a Sousas. É pitoresca, pista única, com muitas curvas fechadas, percorre muitas chácaras bem antigas.

Quando lá chegamos, me veio à lembrança quando, acompanhando meu pai, passava momentos agradáveis andando pelas ruas, para mim bem familiares. Enquanto meu pai trabalhava, eu saía com uma menina de minha idade, filha de um amigo dele para ir andar sobre os dormentes da ponte, que existe até hoje, sobre o Rio Atibaia.

Hoje eu me admiro como ninguém nos proibia tal aventura! Que perigo! Pulávamos de dormente a dormente, vendo o rio lá em baixo! Eu deveria ter uns 10 ou 11 anos. Meu pai, preocupado com seu trabalho, nunca imaginou que eu estivesse numa aventura tão perigosa! Por isso, ouvi sempre o ditado: “Onde está a criança, está o perigo!”.

Mas, meu Anjo da Guarda cuidou muito para que meu pezinho nunca errasse seu alvo! Hoje eu fico arrepiada quando me lembro desse fato!

Meu pai era professor, tendo alfabetizado o Monsenhor Sallin, que fundou a PUC de Campinas. Ele exercia também o trabalho de “contador”, porque era formado também em Ciências Contábeis. Então ele trabalhava em diversas fazendas localizadas em Joaquim Egídio. Sempre o acompanhava quando ele ia para lá. Meu pai contratava um táxi que vinha nos buscar bem cedinho, ainda no escuro! Quando estávamos no alto da estrada, ele dizia:

– Olhe para trás, minha filha! Não parece um colar de brilhantes?

Eram as luzinhas de Campinas que iam brilhando na escuridão!

Momentos inesquecíveis que nos enchem de saudade!

Para irmos até a Fazenda Guariroba, em Joaquim Egídio, íamos de táxi até a estaçãozinha da linha férrea que vinha de Campinas. Ali já nos esperava o cocheiro da fazenda “pilotando” um trole. Que delícia! O cocheiro ia na frente e eu e meu pai num banco atrás. Ouço até hoje o barulho que a roda de ferro fazia nos milhares de pedregulhos da estrada de terra. O cavalo nos levava por uma distância bem grande. E quando lá chegávamos, a esposa do administrador da fazenda, D. Itália, nos esperava com um gostoso café da manhã, com leite das vacas dali, café torradinho, pão feito em casa, manteiga idem e requeijão.

Há pouco tempo fui visitar essa fazenda. Aquela que conheci já acabou. Tudo foi modernizado e modificado.

É o progresso que chegou e me fez ver muitos empregados em horário de almoço com celulares e tablets nas mãos, e ainda nos disseram: Good morning!!!

Fonte: Um passeio a Sousas | Jornal da Cidade