MEMÓRIA Longa mostra fé e devoção em Joaquim Egídio

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Chico Fávaro, morador de Joaquim Egídio, durante depoimento
Kamá Ribeiro / DIVULGAÇÃO

Chico Fávaro, morador de Joaquim Egídio, durante depoimento

No ano em que completa nove décadas de existência, a Festa dos Padroeiros São Joaquim e São Roque de Joaquim Egídio, também conhecida como Festa de Agosto, foi pela primeira vez contada em forma de documentário sob o olhar dos moradores do distrito campineiro que mantêm a tradição viva. Sim, viva, ainda que algumas manifestações tenham se perdido com o tempo, ficando marcadas apenas na memória dos mais velhos, como as tendas de bambu, as brincadeiras, as barracas simples, os bingos e leilões.
Preocupados em preservar e valorizar essa tradição, os campineiros Décio Casarini Jr. e Kamá Ribeiro chamaram os produtores Tomas May e Michel Belletatti para produzir o documentário ‘Festa de Agosto: São Joaquim e São Roque’ (90 min.), que será exibido ao ar livre na quinta-feira (28), às 20h, no Espaço Assuma Sustentabilidade, em Joaquim Egídio, com entrada franca. “É uma tentativa de resgatar antigas tradições da festa e também valorizar as pessoas que se dedicam com tanto amor ao evento”, afirma Ribeiro.
Entre esses personagens, estão Chico Fávaro, que desde os 16 anos participa da festa e arrecada prendas; Miro Sartori, o “mestre de cerimônias”; e o Senhor Paioli, o leiloeiro oficial, já morto e substituído pelo sobrinho, Beto Gallo. O leilão ainda existe, mas não como antes, quando os animais era apresentados ao público em “carne e osso”. “Hoje as imagens são projetadas”, conta Belletatti que, apesar de não ser morador do distrito, é frequentador desde pequeno da celebração.
O filme começa com o soar do sino na Paróquia Sant’Ana de Joaquim Egídio, antes tocado por Zé do Sino e agora por “seo” Carmo. Ao fundo, a bela trilha sonora composta pelo violeiro Levy Ramiro. Na sequência, há uma contraposição de depoimentos sobre a origem da festa, em 1926. Toda a narrativa é protagonizada por moradores. “Foram 24 entrevistados, dos quais a gente escolheu aqueles que tivessem ligação realmente com a festa, que trabalham nela”, diz Ribeiro.
A grande preocupação dos personagens gira em torno da preservação da história. “Muitos estão envelhecendo e temem que os jovens não levem adiante o que foi construído atrás. Os jovens não tem mais interesse”, conta Ribeiro. “Não só a festa mudou, mas também as pessoas”, completa Casarini Jr.
Ribeiro recorda como eram grandes as expectativas para a Festa de Agosto. “Me lembro que a gente comprava roupa, sapato novo e deixava guardado para o dia da festa. Era o momento em que muitos casais se formavam.” Para Casarini Jr., a festa está se transformando em um evento como qualquer outro. “Vejo que tem uma coisa mais comercial. Tem aquela tenda branca, como todos os outros.”
Parte dessas manifestações podem ser vistas por meio de fotos captadas em acervos familiares. E a cena atual, no retratos feitos pelos produtores da 89ª Festa dos Padroeiros, registrados no ano passado. “A maior parte das imagens do documentário são da festa”, diz Belletatti. As congadas, os romeiros, a procissão, a missa, são algumas das marcas do evento que duram três dias com música e quermesse.
A intenção é que o longa-metragem resgate e valorize a tradição da festa assim desperte a atenção das novas geração para a sua continuidade. Se isso fracassar, ao menos o importante papel do registro histórico já foi feito. O documentário foi contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas, pela Secretaria de Cultura, e terá cópias distribuídos em escolas e bibliotecas da cidade.
Serviço
O quê: exibição do documentário ‘Festa de Agosto: São Joaquim e São Roque’
Quando: quinta-feira (28), às 20h
Onde: Espaço Assuma Sustentabilidade (Rua Dr Heitor Penteado, 1.085, Joaquim Egídio, Campinas)
Quanto: de graça

Fonte: Correio Popular